domingo, 5 de janeiro de 2014

Caranguejo de Água Doce – Trichodactylus kensleyi


Caranguejo de Água Doce – Trichodactylus kensleyi
Nome em português: Caranguejo de água doce, Caranguejo de rio.
Nome em inglês: -
Nome científicoTrichodactylus kensleyi Rodríguez, 1992
Origem: Sudeste da América do Sul
Tamanho: carapaça com largura de até 2,5 cm
Temperatura: 20-28° C
pH: neutra para alcalina
Dureza: moderadamente dura 
Reprodução
: especializada, todo ciclo de vida em água doce
Comportamento: pacífico
Dificuldade: fácil

Apresentação
Trichodactylus kensleyi é um pequeno caranguejo dulcícola aquático, de hábitos noturnos. É uma espécie descoberta há relativamente pouco tempo (1992), a mais recentemente descrita dentre os Trichodactylus.
            Etimologia: Trichodactylus vem do grego thríks (cabelo) e daktulos (dedo); kensleyi é em homenagem ao carcinologista Dr. Bryan Kensley, que disponibilizou para o Dr. Rodríguez a coleção de caranguejos coletados pela expedição da Universidade de Michigan ao Paraguai, em 1979.

Origem
            Espécie sul-americana, com distribuição mais restrita, sendo encontrado nas bacias do rios Paraguai e baixo Paraná. Ocorrem no Brasil (estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul), Uruguai, Paraguai e Argentina. Vivem em córregos e rios.

Distribuição geográfica de Trichodactylus kensleyi. Imagem original Google Maps; dados de Magalhães C. In: Melo GAS. 2003.

Aparência
Lembram bastante os Trichodactylus petropolitanus, em especial na morfologia da carapaça e padrão de espinhos, mas são menores, cerca de metade do tamanho dos T. petropolitanus. Como estes, têm cefalotórax de altura média, arredondado e irregular. Olhos pequenos, antenas curtas. Grandes quelípodos, assimétricos nos machos. Pernas dispostas lateralmente. Geralmente de cor parda, castanho ou esverdeada.
Como os demais Trichodactylus, mostram segmentação de todos os somitos abdominais, sem fusão. De forma idêntica ao T. petropolitanus, possuem três dentes grandes e acuminados na borda ântero-lateral da carapaça, eqüidistantes, o mais posterior em posição mediana.
Além do tamanho, pode ser diferenciado do T. petropolitanus pela sua distribuição geográfica, embora na bacia do rio Paraná haja alguma sobreposição. Nesta bacia, o T. kensleyi tende a ocupar o baixo Paraná, enquanto o T. petropolitanus ocupa o alto Paraná. Seus gonópodo é distinto, mas não pode ser examinado em animais vivos. Outras diferenças importantes são no aspecto do telso do macho (luniforme de base um pouco estreita nokensleyi, e subtriangular de base larga no petropolitanus), e a presença de um forte espinho curvo no ângulo orbital interno (vista ventral) no kensleyi.
Duas características não tão conspícuas, mas mais fáceis de serem vistas pelo leigo é o aspecto mais “peludo” das pernas ambulatórias (veja fotos), e o carpo das garras com forte espinho.

Parâmetros de Água

Baseados nos sítios de coleta, os parâmetros de água incluem um pH por volta de 7,0 a 8,0, água moderadamente dura e temperatura entre 20 e 28° C.

Dimorfismo Sexual
Como todo caranguejo, pode ser feita facilmente através da análise do abdômen, o macho possui abdômen estreito, e a fêmea, abdômen largo, onde fixa seus ovos. Machos adultos também possuem garras maiores e mais robustas, uma delas mais desenvolvida (heteroquelia).

Reprodução
Todo seu ciclo de vida se dá em água doce. Não há informações disponíveis sobre a sua reprodução, acredita-se que seja semelhante a outrosTrichodactylus, produzindo poucos ovos de grandes dimensões, com desenvolvimento pós-embrionário direto, e cuidado parental. Na eclosão são liberados indivíduos já com características semelhantes ao adulto.

Comportamento
São animais aquáticos, não necessitando vir à superfície para respirar. São pequenos e pacíficos, com relatos de sucesso na manutenção destes animais em aquários comunitários. Pelas suas pequenas dimensões, deve-se atentar somente ao risco de predação por outros animais. Pode se alimentar de plantas com folhas mais tenras.
Têm hábitos noturnos, especialmente os adultos, e costumam ficar entocados até anoitecer. Preferem aquários de fundo arenoso, com muitas tocas e esconderijos.
Como os demais crustáceos, tornam-se vulneráveis após a ecdise, e podem ser predados por outros animais. Por este motivo, nesta época permanecem entocados, até a solidificação completa da carapaça.

Alimentação
Não são nada exigentes quanto à alimentação, comendo desde algas, animais mortos a ração dos peixes. 
Trichodactylus kensleyi em um aquário comunitário, imagens cedidas por Juliano Tortelli, inclusive a primeira imagem do artigo. Na primeira imagem (topo da página) pode se perceber a grande semelhança desta espécie com o Trichodactylus petropolitanus. Porém, vejam o aspecto "peludo", cheio de cerdas  das pernas desta espécie, um dos sinais que permitem sua diferenciação. 

Bibliografia:

Magalhães C. Famílias Pseudothdphusidae e Trichodactylidae. In: Melo GAS. Manual de Identificação dos Crustacea Decapoda de água doce do Brasil. São Paulo: Editora Loyola, 2003.

Rodríguez G. The Freshwater Crabs of AmericaFamily Trichodactylidae and Supplement to the Family Pseudothelphusidae. Paris, Editions ORSTOM, 189p. 1992 (Collection Faune Tropicale 31)

Ficha escrita por Walther Ishikawa

Agradecimentos especiais ao amigo aquarista Juliano Tortelli pela cessão das fotos para o artigo.

Fonte: planeta invertebrados

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